Sobre a obra

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Carlos Nejar: sobre “O Dono do Mar”

Carlos Nejar • Da Academia Brasileira de Letras. Gazeta, Vitória, 14 de março de 1996 São as palavras que velejam O tirocínio de político e estadista do ex-Presidente e Senador José Sarney tem longa e rica trajetória na vida brasileira e, como todos, sofre a justa depuração do tempo. Mas escrevo sobre o ficcionista José Sarney. Recentemente, em Buenos Aires, quando o jornal La Prensa, um dos periódicos importantes da Argentina, fez uma reportagem a respeito de seu novo livro, O Dono do Mar, e me perguntou o que achava desse ficcionista maranhense, não tive dúvida de falar de minha admiração por sua obra-prima, o Norte das Águas. Tem a força da poesia e a revelação da terra no relato vigoroso de seres humildes e vivos. Acabo de receber O Dono do Mar, publicado pela editora Siciliano, de São Paulo, que li com emoção e entusiasmo. O grande escritor maranhense

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Josué Montello: sobre “O Dono do Mar”

Josué Montello • Da Academia Brasileira de Letras. Folha de S. Paulo, 3 de dezembro de 1995 No tom das obras definitivas O presidente José Sarney, não obstante os muitos caminhos de sua vida pública — que o trouxeram da província natal para a Presidência da República, e daí para a Presidência do Congresso — continua fiel à sua vocação de escritor. Foi essa vocação que o levou à Academia Brasileira, para suceder a José Américo de Almeida, também político e homem de letras, ambos fiéis ao chão de suas origens, sem deixar de serem grandes nomes nacionais, profundamente identificados com a realidade brasileira. A condição de maranhense, numa época em que só havia em São Luís monumentos a homens de letras (ou a políticos que com estas se identificaram), explicaria a vocação literária de Sarney, e que nele despontou ainda na adolescência, dando-lhe o gosto do verso lírico, na

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Éris Antônio Oliveira: sobre “O Dono do Mar”

Éris Antônio Oliveira • Éris Antônio Oliveira. Crítico Literário. Professor de Teoria Literária da Universidade Católica de Goiás. Goiânia, 1 de abril de 2004 Sortilégios da noite em O Dono do Mar A elaboração ficcional de O Dono do Mar oferece uma percepção diferenciada da realidade, permitindo que os procedimentos inventivos da imaginação integrem-se plenamente à essência transfiguradora de sua ousada composição. Seu projeto formativo coloca em evidência a postulação aristotélica, segundo a qual “o papel do ficcionista consiste em dizer não o que ocorreu realmente, mas o que poderia ter ocorrido na ordem do verossímil ou do necessário”. (Aristóteles, 1966, p. 36) Nessa perspectiva, seus constituintes estruturais possibilitam ao leitor inserir-se, inteiramente, no reino da mímesis, pois é próprio desta desencadear uma “experiência, não de reconhecimento do real, mas de irrealização, de aniquilamento do real enquanto perceptível”, como propõe Luís Costa Lima. (1980, p. 52) Na constituição desse romance,

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Claude Couffon: sobre “Saraminda”

Claude Couffon • Escritor. Prefácio da edição francesa, 2002 Jogo da memória e da sedução Hei-nos transportados ao coração de uma Guiana decadente que “vegeta na miséria da canela e paus-de-tinta”, há mais de um século, depois em algum lugar entre o Oiapoque e o estuário do Amazonas, sobre um território contestado entre a França e o Brasil, um episódio hoje um tanto esquecido. Mas a História não aparece senão em filigranas numa narração consagrada à loucura dos garimpeiros. É a aventura de cada personagem que retraça o destino fabuloso e lamentável da república fantasma do Cunani, nascida do sonho do ouro. O ouro, chamado pelo nome saboroso de “la couleur”, é o verdadeiro protagonista desta saga amazônica. “La couleur” é feita de carne e sangue; ela é voraz e caprichosa e desfruta dos homens e de seus apetites para desaparecer tão misteriosamente como chegou. Saraminda seria sua imagem feminina:

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Claude Lévi-Strauss: sobre “Saraminda”

Claude Lévi-Strauss • Nome de referência da etnologia. Da Academia Francesa Poderoso lirismo Li Saraminda, e quanto amei esse belo livro. Depois dos pescadores do Nordeste, José Sarney faz reviver os faiscadores de ouro de caiena e do Amapá com a mesma sensibilidade aguda à realidade etnográfica permeada por um poderoso lirismo. Sarney reconstitui ao mesmo tempo um episódio esquecido, mas saborosamente pitoresco das relações da França com o Brasil.

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Alexandre Fillon: sobre “Saraminda”

Alexandre Fillon • Jornalista e crítico literário. Em 1º de maio de 2002 E não restará mais do que pó Presidente do Brasil de 1985 a 1990, José Sarney possui uma segunda corda no seu arco, a de romancista. Ex-presidente da República Federativa do Brasil de 1985 a 1990, José Sarney é atualmente senador eleito até 2007 em seu país, onde também integra a Academia Brasileira de Letras. Nascido em 1930, esse senhor escreveu uma vintena de obras, da poesia ao ensaio, passando pelo romance. Na França pode-se descobrir algumas facetas de seu talento, graças às traduções Au-delà des fleuves (Stock, 1988) e a Capitaine de la mer océane (Hachette Littératures, 1997). As Edições Quai Voltaire retomam a chama e abrem seu catálogo — no momento principalmente voltado para as paisagens anglo-saxônicas da maravilhosa nova-iorquina Dawn Powell ao muito raro Richard Russo — a uma literatura mais truculenta e picaresca,

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Maurice Pianzola: sobre “O Dono do Mar”

Maurice Pianzola • Escritor e jornalista. Genebra, 19 de novembro de 2002 O sórdido e o maravilhoso Fiquei tocado pela faculdade de José Sarney de descrever a vida popular, de fazer caminhar lado a lado o sórdido e o maravilhoso. Isso se traduz naturalmente em sua linguagem, ainda mais aqui que em O Dono do Mar, quando Sarney atravessa a fronteira do Brasil para penetrar na Guiana Francesa, particularmente desconhecida da literatura francesa, de  onde conhecemos apenas algumas reportagens sobre a prisão de Caiena. A isso se junta o fato de seu realismo ir na contra-corrente de uma certa decadência da literatura francesa que parece estar na moda em certos meios brasileiros.

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