Antônio Olinto: sobre “O Dono do Mar”
Antônio Olinto • Da Academia Brasileira de Letras. O Estado do Maranhão, Caderno A, 26 de janeiro de 1996 Personagens vivos e fortes Pouco sabemos dos mistérios da criação literária. Como de qualquer outra criação. Explicações técnicas, temo-as aos montes. Análises sintáticas, melódicas, biológicas, sociais, ou puramente vocabulares, ou sociológicas, psicanalíticas, ou simplesmente ligadas ao adjetivo do momento. Algumas em separado e todas em conjunto, aclaram meandros, facilitam visões particulares, embora possam deixar um lado lunar inatingível. Esses estudos de decomposição revelam às vezes desconhecimento do fenômeno da composição. A autópsia mostra, mas não surpreende a vida em ação. Fica faltando, ao analista puro, uma intimidade maior com aquilo que Bernard Guyon chamava de “o êxtase da concepção literária”. Na apreciação de um romance, um poema, um ensaio, todos os recursos disponíveis podem ser usados, contudo cada obra especifica precisará de um chão. Elemento básico da análise será a terra,