Sobre a obra

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Maurice Druon: sobre “Saraminda”

Maurice Druon • Da Academia Francesa. Paris, 8 de janeiro de 2002. Universo das Paixões Absolutas Saraminda é, eu creio, o melhor romance de José Sarney. O leitor não se desprende de sua  leitura repleta dessa mistura tão particular de verdade naturalista e de fantasia trágica que caracteriza seu talento. O “Contestado” e “la couleur” instalam-se em nossa imaginação. Sarney destaca-se na pintura da floresta equatorial, da Caiena de outrora, das técnicas e da vida terrível dos garimpeiros. E a gente sente a proximidade do Maranhão. E, além disso, estamos no universo das paixões absolutas, com essa Saraminda, enfeitiçada e que enfeitiça, e o cortejo de homens que ela encadeia e de dramas sangrentos que desencadeia. Sim, é uma grande obra e eu prevejo um grande sucesso a esse livro. Os homens de Estado poetas, como Senghor, não são muitos. Os homens de Estado romancistas, como José Sarney, não são numerosos

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Josué Montello: sobre “O Dono do Mar”

Josué Montello • Da Academia Brasileira de Letras. Folha de S. Paulo, 3 de dezembro de 1995. Um romancista que desponta Eu assisti, em 1952, em São Luís, à estreia de José Sarney, com a publicação de A Canção Inicial. Por esse tempo, era ele um jovem poeta. Cedia ao impulso da idade e da geração a que pertencia, antes que nele despontasse o político, obrigando-o a seguir por outro caminho. Os contos de Norte das Águas, publicados 18 anos depois, sem de todo romperem com a poesia, como forma de expressão genuína, deslocavam o poeta lírico para o plano da realidade regional, numa prosa que, não deixando de ser denúncia e testemunho, já denunciava no escritor o testemunho político, por força do homem novo que aflorava em Sarney. Daí lhe advém a oportunidade da luta que o levaria, ajudado por sua boa estrela, ao altiplano da Presidência da República,

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Ivan Junqueira: sobre “Os Maribondos de Fogo”

Ivan Junqueira • Da Academia Brasileira de Letras. Prefácio da 4a Edição, 2001 Poética de Raízes Muito estimado entre nós como ficcionista — Norte das Águas (1969), Brejal dos Guajas e outras Histórias (1985) e Saraminda (2000), além de outros — é todavia como poeta que José Sarney estreia na literatura brasileira, mais precisamente em 1952, quando publicou A Canção Inicial. Tem assim o poeta José Sarney meio século de existência, o que lhe atesta não apenas uma pertinácia de ofício, mas também uma inequívoca vocação lírica, pois, logo adiante, em 1979, retorna ele ao verso com Os Maribondos de Fogo, que chega agora — e em boa hora — à sua quarta edição. E se assim o digo é porque nele e em sua prosa a poesia jamais o abandonou, imprimindo-se como um estigma nos contos e romances que nos deixou.

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Marcos Vinicios Vilaça: sobre “A Duquesa Vale uma Missa”

Marcos Vinicios Vilaça • Da Academia Brasileira de Letras. Em 15 de abril de 2010 Leitura leve e instigante Em seu novo romance, A Duquesa Vale uma Missa, José Sarney mostra a variedade de seu espaço ficcional. Depois de O Dono do Mar, sobre o universo poético dos pescadores da ilha de São Luís do Maranhão, e Saraminda, sobre os mistérios da epopeia do ouro na região do Contestado entre o Brasil e a França — atuais Amapá e Guiana Francesa —, Sarney investe num romance urbano, passado entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Seus personagens se apresentam ainda, como nos romances anteriores, com um certo ar de realismo mágico, que é enganoso, como se verá na conclusão do romance. Tratado como um conto longo — cumpre lembrar que o autor escreveu um livro de contos excepcional, Norte das Águas — o romance conta numa linguagem muito despojada

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Adolfo Castañon: sobre “O Dono do Mar”

Adolfo Castañon • Adolfo Castañon. Poeta, ensaísta, editor e crítico literário. Da Academia Mexicana de la Lengua. Reforma, México, 23 de agosto de 1998 O Dono do Mar: uma obra com alma O Dono do Mar foi saudado por personalidades tão diversas como Claude Lévi-Strauss, Maurice Druon e Jorge Amado com inteligência e entusiasmo. Dele diz o autor de Gabriela, cravo e canela e Capitães da areia: “O Dono do Mar propõe ao leitor uma visão inesquecível do mar do Maranhão, em sua realidade e em seus mistérios […]. Ao passar do conto ao romance, José Sarney soube manter a alta qualidade de sua escrita, mas agregando uma maturidade de conceito e de realização que não é frequente encontrar.” Sarney não é um escritor acadêmico nem de gabinete; está distante do psicologismo e do bovarismo e seu projeto narrativo entronca com a grande literatura realista latino-americana, prolongando-a e enriquecendo-a. Talvez

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Rachel de Queiroz: sobre “O Dono do Mar”

Rachel de Queiroz • Da Academia Brasileira de Letras. Prêmio Camões de Literatura 1993. O Estado de São Paulo, 20 de abril de 1996 O mar e os donos do mar Quando o homem era Presidente da República, ouvi muito maldizente comentar: “Ora, pra um Presidente é fácil eleger-se acadêmico…” Mas verdade é que José Sarney entrou para a Academia muito antes de sonhar em ser Presidente (ou talvez já sonhasse, que ele é homem de sonhos altos), mas o que lhe abriu as portas da Academia Brasileira foi o seu belíssimo livro de contos Norte das Águas, publicado há mais de uma década. Todos nós já o sabíamos escritor, e muito bom, mas o Norte das Águas excedeu nossa expectativa. Conquistou-lhe imediatamente um grande público, foi traduzido em vários idiomas. Político profissional, no melhor dos sentidos em que possa ser usada a expressão, o parlamento é a sua oficina

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Darcy Ribeiro: sobre “O Dono do Mar”

Darcy Ribeiro • Considerado o maior antropólogo brasileiro. Da Academia Brasileira de Letras. O Globo,10 de setembro de 1996 Uma leitura gozosa Li O Dono do Mar e gostei. Muito. Não imaginava José Sarney um romancista poderoso. E é. Entra no livro nadando de braçadas, dono das águas, dos ares e dos mares do Maranhão. Dá voz e alma aos pescadores das ilhas e das praias de São Luís com sabedoria e volúpia exemplares. Sarney é o intérprete de uma das matrizes básicas da cultura brasileira, a dos pescadores. Equivalente ao que Zé Lins é para o povo dos engenhos e Jorge Amado, para o gentio dos cacauais. O romance me deu uma leitura gozosa, dessas em que a gente se esquece até que está lendo, para se abrir inteiro e deixar-se penetrar por ela. Para leitoras, o gozo há de ser maior. Impressionou-me também, vivamente, a sabedoria que José

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